Poder Executivo, população e autoridades discutem minuta de Decreto para proibir o trânsito de veículos pesados nas estradas municipais em dias chuvosos.
Por Gazeta de Itaiópolis | Publicado em 04/09/2011
Com objetivo de debater sobre o trânsito pesado nas estradas rurais de Itaiópolis em dias chuvosos, aconteceu na última terça-feira (30), na Câmara, a segunda audiência pública envolvendo governo do município, população e interessados, principalmente do setor madeireiro. A audiência iniciou às 19 horas, mas um número pequeno de pessoas participou das discussões. Inúmeros problemas foram apresentados, principalmente no que diz respeito ao trânsito de caminhões pesados (caretas e bi trens) carregados de torras de pinus pelo Centro. Soluções, sugestões e rotas alternativas para o fluxo dos caminhões foram sugeridas, no entanto, o Decreto do poder Executivo que visa regular esse tipo de trânsito parece estar longe de ser efetivado. A audiência foi presidida pelo vereador Wilson Marciniack (PPS), que representou no ato o presidente da Câmara. Houve a participação do secretário adjunto da 25ª Secretaria de Desenvolvimento Regional de Mafra (SDR), Alceu Gaio, do presidente da Associação Comercial (ACI) do município Marcos Eugenio Cardoso, do vereador Francisco Kuiava (PMDB), do presidente do Sindicato dos Caminhoneiros José Antonio de Lacerda (Zé do Carvão), de munícipes e do transportador de pinus em Itaiópolis Roberto Hoffmann (Beto). O prefeito de Itaiópolis não participou da audiência, pois segundo a assessoria da Prefeitura ele estava em missão oficial.
O presidente da ACI de Itaiópolis disse na solenidade que os empresários do centro da cidade estão reclamando muito do intenso fluxo de caminhões carregados com torras de pinus. O presidente da ACI sugeriu desvio do tráfego pesado pela Rua Manoel Pedro da Silveira, por um período de duas semanas, a título de experiência. Segundo Cardoso, os veículos de carga de madeira devem como sugestão, trafegar pela Rua Nicolau Ruthes Sobrinho até chegar a Rua Manoel Pedro da Silveira e sair na altura da Embraco, no bairro Bom Jesus. No entanto, isso seria apenas uma medida provisória e o correto, segundo Cardoso, é se pensar na criação de um contorno do trânsito pesado, onde poderá ser utilizada a Rua Amandus Bauer (Paraguaçu) até entroncar nas proximidades da Rua Senador Irineu Bornhausen. Seria um contorno pela esquerda da cidade, uma vez que os principais reflorestamentos estão localizados nesse sentido geográfico do município (Rio Vermelho e Rio da Areia).
Alceu Gaio disse na audiência que o desvio de cargas pesadas pela Rua Manoel Pedro da Silveira é problemático, pois o trecho de calçamento em paver pode não suportar o peso dos caminhões. Gaio explicou que o mesmo pode ocorrer com a Rua Duque de Caxias, pois determinados trechos do pavimento asfáltico poderão ficar destruídos. Gaio afirmou que de momento a melhor rota para o fluxo de cargas é justamente pela Avenida Getúlio Vargas. Ele disse que reconhece os transtornos enfrentados pelos comerciantes da Getúlio Vargas, com a poeira e a lama. O secretário adjunto reformou que a melhor alternativa é trabalhar em cima da criação de um contorno viário, pela esquerda da cidade. Gaio explicou que a empresa Rigesa se comprometeu com a Prefeitura em realizar a limpeza das ruas centrais, por onde passam os caminhões carregados com pinus. O assessor de gabinete da prefeitura informou que a Rigesa contratou caminhão pipa, para lavar as vias públicas, mas que no segundo dia de trabalho houve pane e o trabalho foi suspendido (mangueiras estouradas). O assessor explicou que para o próximo ciclo de retirada de madeira de Itaiópolis não será autorizado o fluxo de cargas pelo centro da cidade. A Rigesa disse que concorda em desviar o trânsito de cargas pela comunidade de Poço Claro, desde que haja contrapartida do município no reforço da base de cascalho primária da estrada. Alceu Gaio disse que existe projeto de financiamento na ordem de R$ 300 milhões para revitalização de rodovias estaduais, retificando assim matéria anterior publicada pela “Gazeta de Itaiópolis”, onde reportamos que o recurso seria exclusivamente para a recuperação da rodovia SC 419. A revitalização dessa rodovia está também compreendida nesse projeto, que inclui desde o trevo de acesso na BR 116 até o entroncamento com a rodovia SC 477, na localidade de Moeminha. Gaio informou que nos próximos dias técnicos estão promovendo estudo em Itaiópolis para analisar a viabilidade de obras de criação do contorno rodoviário da cidade, com objetivo de desviar o fluxo de cargueiros. O traçado do contorno compreenderá a principio, as adjacências do Mercado Veiga – sentido Rua Amandus Bauer até ligar o bairro do Paraguaçu. Segundo Jaqueline Batista Kerber, moradora da Rua Nicolau Ruthes Sobrinho, o trânsito demasiado de caminhões carregados com torras de pinus em dias de chuva está transformando a Rua num lamaçal. A moradora disse que um caminhão acabou encalhando, em pleno asfalto, devido a molhadura e a lama. Disse que passam na Rua pelo menos 30 caminhões de torra por dia e que o fluxo de cargas durante o horário da madrugada está impedindo os moradores de dormir. O agricultor Amandus Bauer defendeu a vinda do progresso para Itaiópolis e disse que esses problemas são as conseqüências. Disse ainda que existe a necessidade urgente de rever conceitos da administração municipal e propiciar enlargamento e encascalhamento de estradas vicinais rurais, além da criação do contorno rodoviário. O cidadão Joerny Fernandes Dias disse que juridicamente o Decreto do poder Executivo não teria efeito, pois há necessidade de criação de lei municipal estabelecendo critérios e punições, para o trânsito pesado nos dias de chuva pelas estradas do município. Segundo Joerny, a área reflorestada no município de Itaiópolis é de 14. 684 hectares e que já havia apresentado a Câmara de Itaiópolis modelo de projeto de Lei para a cobrança da taxa florestal. De acordo com Joerny, isso implicaria no aumento da receita do município que pode ser convertida na recuperação ambiental e na melhoria das rodovias vicinais. O poder Executivo apresentou o protótipo do Decreto, que vai regular o trânsito de veículos nos dias de chuva pelas estradas do município. O Decreto prevê o peso bruto de 10 toneladas para caminhões toco e de 16 toneladas para caminhão truque (peso do caminhão mais a carga). O Decreto contempla apenas os dias de chuvas, não havendo regras para os dias de tempo estável. Houve divergências de idéias durante a audiência. Agricultores defenderam o bom senso no uso das estradas nos dias de chuva e um transportador de madeira disse que o Decreto impediria seu trabalho, mas que se aprovado deve de ser respeitado por todos, inclusive pela empresa Rigesa. O presidente do Sindicato dos Caminhoneiros Zé do Carvão disse que o Decreto deve ser instalado. Segundo Zé, os maiores problemas nas estradas municipais são causados por caminhões articulados. Foi debatida na audiência a possibilidade da instalação de balanças móveis em trechos da SC 419, em parceria com a polícia Rodoviária Estadual (PRE). O objetivo é fiscalizar a tonelagem das cargas, que passam diariamente pelo município. Beto Hoffmann pediu ao poder Executivo que intensifique a fiscalização de cargas no que tange as notas fiscais. Segundo Beto, a evasividade de notas de produtos e em muitos casos as notas são forjadas para outros municípios. O presidente do Sindicato dos Caminhoneiros deve emitir nota a Prefeitura quanto à tara e os limites de pesos dos caminhões. O Decreto foi discutido na audiência, mas ainda existem muitas lacunas a serem preenchidas antes que seja oficializado.